Exercício físico reduz sintomas neuropsiquiátricos em pessoas com demência
6 de abril de 2020
O exercício físico reduz sintomas neuropsiquiátricos em pessoas com demência, não há dúvida. No passado, médicos e investigadores consideravam que as pessoas com demência não conseguiriam compreender e seguir instruções para fazer exercício físico. Contudo, as investigações de Fleiner, médico e investigador especializado em gerontologia desportiva na Universidade Alemã do Desporto e no Hospital LVR de Colónia, sugerem o contrário.
No seu último estudo, de janeiro de 2020, Fleiner e colaboradores verificaram que um programa de exercício físico especializado alivia sintomas neuropsiquiátricos, como ansiedade e depressão, em pessoas com demência. E à medida que estes sintomas melhoram, também os cuidadores de pessoas com demência registam alívio no seu desgaste.
No ensaio clínico conduzido, a equipa de investigadores avaliou os efeitos do desporto em três grupos de doentes de enfermarias distintas, especializadas em pessoas com demência, num hospital psiquiátrico. Os 70 doentes que participaram no ensaio foram distribuídos por dois grupos: um de controlo e outro experimental.
Durante duas semanas, o grupo experimental realizou um programa que incluiu quatro sessões breves de exercício físico diário, distribuídas por dois períodos de manhã e outros dois de tarde. Paralelamente, o grupo de controlo participou em jogos de mesa, num total de 2 horas por semana, além do tratamento habitual.
Verificou-se que os doentes que participaram no programa de exercício apresentaram melhorias significativas nos sintomas neuropsiquiátricos, por comparação com o grupo de controlo. A equipa de investigação verificou ainda que as sessões de exercício no período da tarde são particularmente importantes, dado que ao fim do dia costuma ocorrer o chamado Síndrome do Pôr do Sol, associado a maior agitação e desorientação à medida que vai desaparecendo a luz natural e há um menor número de rotinas.
Exercício como forma de tratar pessoas com demência
O uso de exercício físico como forma de tratar pessoas com demência que apresentam sintomas como apatia, depressão e agitação é um campo emergente, sendo que o objetivo é desenvolver alternativas não farmacológicas para lidar com estes sintomas.
Estas propostas de intervenção são tão mais importantes quanto considerarmos que os medicamentos podem ter efeitos secundários, com impacto muito negativo nas pessoas com demência que apresentam sintomas neuropsiquiátricos. As benzodiazepinas, usadas para tratar a ansiedade, estão associadas a lesões relacionadas com quedas, tal como a um aumento do risco de pneumonia de pessoas com Doença de Alzheimer.
Conclui-se, portanto, que o exercício físico reduz sintomas neuropsiquiátricos em pessoas com demência.
Fonte: https://www.beingpatient.com/exercise-reduces-neuropsychiatric-symptoms-dementia/