Doença de Alzheimer: quando prevenir é o melhor remédio!

Prevenção Doença de Alzheimer

Atualmente, ainda não se encontra disponível um medicamento que conduza à cura da demência, nomeadamente da Doença de Alzheimer. Ainda assim, existem, alguns fármacos destinados a retardar a progressão dos seus sintomas clínicos e intervenções não farmacológicas que permitem retardar e minimizar o impacto destas doenças.

Com isto tem vindo a ser sublinhada a importância da prevenção no desenvolvimento de demência. Segundo um artigo publicado pela Lancet Commission (2020), apesar de o número de adultos idosos, inclusive daqueles que vivem com demência, estar a aumentar, a incidência de demência na idade adulta avançada está a diminuir em alguns países, provavelmente devido a melhorias na educação, nutrição, cuidados de saúde e mudanças no estilo de vida.

Nesse sentido, Dharma Singh Khalsa, médico e presidente da Alzheimer’s Prevention Foundation, aponta para  4 Pilares da Prevenção da Doença de Alzheimer: a Dieta e Suplementação, a Gestão do Stress, o Exercício Físico/Aeróbica Cerebral e o Fitness Espiritual.

Dieta e Suplementação

Khalsa salienta que a prevenção começa com a comida que colocamos no nosso corpo. Segundo o próprio, alimentar o cérebro para ter uma memória melhor requer uma dieta onde se evitem gorduras trans e gorduras saturadas, assim como a carne vermelha, que podem causar inflamação e produzir radicais livres sendo que em excesso, estas moléculas podem ser tóxicas para o organismo e danificar as células. Contrariamente, bons alimentos são ricos em antioxidantes, como Vitaminas C e E. Assim, comer frutas e vegetais, peixe rico em ómega-3 e substitutos vegetarianos de proteína (como a soja), parece ser protetor contra a perda de memória. Uma dieta ideal para a prevenção podia subdividir-se em: 20% de “boas” gorduras, o que pode incluir azeite virgem extra, abacate e linhaça; 40% de proteínas magras, como o peixe, o frango, o peru e a soja; e 40% de hidratos de carbono complexos, nomeadamente vegetais frescos, grãos, legumes e fruta fresca. A isto, podem acrescentar-se superalimentos para o cérebro, ricos em propriedades antioxidantes, como mirtilos, espinafres e algas marinhas.

Gestão do Stress

O stress diário, quando prolongado, tem um grande impacto na nossa saúde. Quando sob stress, o corpo é “inundado” por hormonas como o cortisol ou a adrenalina. Ora, o cortisol, em excesso, danifica as células do centro de memória do cérebro, o hipocampo, impedindo-o de funcionar corretamente. Altos níveis de cortisol têm impacto na aprendizagem e retenção de novas informações, o que resulta numa perda de memória. A isto, acrescenta-se o facto de, com o envelhecimento e o desenvolvimento de doença, haver uma menor capacidade para se lidar com o stress e para diminuir os níveis de cortisol na corrente sanguínea, o que pode agravar a morte das células nervosas e a saúde do cérebro em geral.

Aprender a gerir o stress tem, assim, inúmeros benefícios, nomeadamente melhorar o funcionamento intelectual, a função cardíaca, reduzir a ansiedade, diminuir a dor crónica e ainda aumentar a longevidade. Gerir o stress diário é também fundamental na prevenção da Doença de Alzheimer, na medida em que se tem encontrado uma estreita relação entre ter colesterol elevado, hipertensão e elevados níveis de cortisol no início da doença.

Práticas de relaxamento, meditação, hipnose, treino respiratório, massagem e oração têm-se mostrado eficazes na redução do stress, melhoria da saúde, prevenção da perda de memória, melhoria no foco, atenção e desempenho intelectual.

Exercício Físico/Aeróbica Cerebral

Estudos recentes sugerem que um estilo de vida ativo é a chave para a saúde não só do corpo, mas também do cérebro. A literatura mostra que 150 minutos semanais de treino cardiovascular e de força é o número mágico para manter a saúde do cérebro na velhice e prevenir a doença de Alzheimer.

Exemplos de exercícios são caminhadas rápidas, jogging, dançar, nadar, jogar ténis ou ir ao ginásio, com utilização da elíptica, passadeira e bicicleta estática. Qualquer coisa que faça o coração bombear e os músculos se movimentarem conduzirá a uma saúde geral melhor. Além disso, quando se inclui o treino de força (por exemplo, pesos, máquinas de resistência, isométricos, etc.), mantém-se a massa muscular e previne-se a osteoporose e doenças relacionadas.

Paralelamente, é também fundamental realizar exercícios mentais, de pelo menos 20 minutos, três vezes por semana. Estes exercícios incluem fazer tarefas novas ou diferentes, que desafiem o cérebro, o que melhorará a sua função. Estas tarefas têm que envolver a atenção, mais do que um dos sentidos (audição, visão, paladar, olfato e tato) e quebrar a rotina de forma inesperada e não trivial. São exemplos a leitura, a  escrita, jogos de tabuleiro, fazer palavras cruzadas ou, com apoio técnico, o treino cognitivo.

Fitness Espiritual

Este último pilar foca a importância da melhoria do bem-estar psico-espiritual. Alguns exemplos do Fitness Espiritual são: sociabilizar e estar com outras pessoas, aceitação e perdão de si mesmo e dos outros, paciência e permitir-se a estar no momento presente, compaixão e empatia por si e pelos outros, ter um objetivo ou sentido para a vida através da autodescoberta e construção de um legado, sentido de espiritualidade independentemente da origem ou religião e voluntariado ou serviço sem pensar na recompensa. O Fitness Espiritual combina atributos de bem-estar psicológico como contentamento, sociabilização, ter um propósito ou missão na vida, com o bem-estar espiritual, que inclui o serviço ao próximo e a busca pela paz de espírito. Isto contribuirá para a felicidade e para a capacidade de manter um elevado desempenho intelectual durante o processo de envelhecimento.

Assim, e contrariamente à crença popular de que a perda de memória é normal e natural no processo de envelhecimento, sabe-se hoje que é fundamental ter um papel proactivo na manutenção da vitalidade do nosso cérebro.

Estes quatro pilares são um exemplo claro disso mesmo – mais do que tomar um comprimido quando a doença surge, é importante adotar estratégias pró saúde durante todo o ciclo de vida!

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