Cuidar de quem cuida
A velhice, quando associada a problemas de natureza cognitiva (dificuldades de memória, atenção, linguagem, entre outros), física (dores no corpo ou dificuldades de locomoção), emocional (sintomatologia ansiosa e/ou depressiva) e social (dificuldades na interação com outras pessoas), pode ter um impacto significativo na qualidade de vida e funcionalidade não só do adulto idoso, mas também da família que cuida.
O papel dos cuidadores familiares
Os cuidadores familiares têm um papel determinante no cuidado de adultos idosos com estas dificuldades. Grande parte destes familiares vive a doença 24 horas por dia, 365 dias por ano. O desempenho deste papel interfere com a vida pessoal, familiar, laboral e social, predispondo os familiares a sintomas como tensão, fadiga, stress, isolamento e depressão. Esta sobrecarga pode despoletar problemas de natureza cognitiva, física, emocional, social e financeira também nos cuidadores, afetando o seu bem-estar e o ato de cuidar.
Para além disto, pode vivenciar-se o luto, ainda em vida, pela pessoa que se “vai perdendo aos poucos”. Este processo de luto inicia-se com a negação em relação às perdas (“não é assim tão grave”, ou “isto é temporário”, ou “há claramente um erro de diagnóstico”) e evolui para sentimentos de raiva, tristeza e culpa. A raiva pode surgir perante as falhas sucessivas do adulto idoso nas atividades de vida diária, ou perante a sensação de abandono por parte de outros familiares. A tristeza surge, por exemplo, pelo arrependimento de não se ter passado mais tempo de qualidade com o idoso antes do aparecimento das dificuldades. Por fim, pode surgir a culpa pelo desejo de morte da pessoa, ao não se aguentar mais a sobrecarga e o desespero. É determinante promover a aceitação e um novo olhar sobre a condição, que pode ser um momento de crescimento pessoal e familiar como nenhum outro.
Assim, cuidar de quem cuida é imprescindível.
Com esta premissa em mente, iniciámos o nosso primeiro Grupo de Apoio ao Cuidador Informal. Com este grupo propomo-nos a reduzir o cansaço da pessoa que cuida, a diminuir o isolamento, promovendo a integração destas pessoas numa rede de apoio e recursos, a preservar a qualidade de vida do cuidador e a tornar a experiência de cuidar numa experiência positiva. Para além disso, estamos também a preservar a qualidade de vida do adulto idoso e a promover-lhe melhores cuidados.
Como faremos isto?
Através da partilha de informação sobre a doença, de estratégias de compreensão dos próprios pensamentos, emoções e comportamentos e do outro, de estratégias para intervir em comportamentos difíceis, de competências de comunicação mais eficaz, mas sobretudo através da partilha, troca de experiências de ideias e de sugestões.
Esteja atento às próximas edições e a todas as restantes respostas que temos para si, em todos os canais SEmente | Superação e Estimulação da Mente. Temos uma equipa multidisciplinar disponível para si!