De “onde” pode vir a Demência?

A Demência tem sido apontada como uma das síndromes do século XXI, dada a sua crescente prevalência. Existem em Portugal, aproximadamente, 200 mil pessoas com Demência e esse número pode triplicar até 2050.

Mas o que é a Demência? O que está na origem deste quadro neurodegenerativo?

Demência é um termo geral para descrever o conjunto de sintomas de um grupo de doenças, que incluem perda de memória, da linguagem, da capacidade de resolução de problemas e de outras capacidades cognitivas, o que interfere significativamente na funcionalidade nas atividades de vida diária.

A demência não faz parte do percurso normal de vida. É o resultado de doenças físicas que danificam o cérebro e apesar de ocorrer principalmente em população idosa, pessoa mais jovens podem desenvolver demência precoce.

A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de Demência, correspondendo a entre 60% e 70% dos casos. Nesta doença, as células cerebrais vão sofrendo uma redução, de tamanho e número, formam-se tranças neurofibrilhares no seu interior e placas senis no espaço exterior existente entre elas, situação essa que impossibilita a comunicação dentro do cérebro e danifica as conexões existentes entre as células cerebrais. Com a morte das células cerebrais, vão surgindo sintomas como perda de memória – défice cognitivo mais significativo na Doença de Alzheimer, que resulta numa incapacidade progressiva de recordar ou assimilar informação – défices de atenção, da aptidão verbal, de habilidades visuo-espaciais, de resolução de problemas e raciocínio. Contudo, apesar de ser o tipo de Demência mais conhecido, não é a única existente!

O segundo tipo mais comum de Demência corresponde à Demência Vascular, que está associada aos problemas de circulação de sangue para o cérebro. As duas formas mais comuns de Demência Vascular dizem respeito à Demência por Multienfartes, causada por vários pequenos enfartes cerebrais, também conhecidos como acidentes isquémicos transitórios, e a Demência Vascular Subcortical (ou Doença de Binswanger), que é causada por hipertensão arterial, estreitamento das artérias e por uma circulação sanguínea deficitária. Nesta tipologia de Demência, há história e sinais de AVC prévio e uma relação temporal entre o AVC e o aparecimento de Demência. Sintomas típicos podem ser a perturbação da marcha, sintomas urinários ou alterações da personalidade. Pode haver uma semelhança entre a Demência Vascular e a Demência de Alzheimer e em algumas pessoas ocorre um quadro combinado destes dois tipos de Demência – Demência Mista.

De seguida, podemos nomear a Demência de Corpos de Lewy, cuja nome resulta da presença de estruturas esféricas anormais, denominadas por Corpos de Lewy, que se desenvolvem dentro das células cerebrais e que podem contribuir para a morte destas. Sintomas comuns desta tipologia de Demência podem ser a perturbação do sono, quedas repetidas, síncope, perda transitória de consciência, disfunção autonómica, alucinações (sobretudo visuais e recorrentes), ideias delirantes, rigidez e tremores. Pode ser difícil fazer a distinção entre a Demência de Corpos de Lewy e a Doença de Parkinson, verificando-se que algumas pessoas com a última desenvolvem uma forma de Demência semelhante à primeira.

Também a Demência Frontotemporal é um tipo comum de Demência, em que existe a degeneração de um ou de ambos os lobos cerebrais frontal ou temporais. Cerca de 50% das pessoas com Demência Frontotemporal tem história familiar da doença. Os sintomas podem incluir o declínio no comportamento social e interpessoal, na regulação do comportamento pessoal, embotamento afetivo e perda da autocrítica.

Outras tipologias de Demência podem resultar da Doença de Parkinson, em que as pessoas podem desenvolver Demência em fases mais avançadas da doença, da Doença de Huntington, ou da Síndrome de Korsakoff – Demência provocada pelo consumo excessivo de álcool.

Atualmente não existe cura para a maioria das formas de Demência. Contudo, intervenções farmacológicas e não-farmacológicas podem ter resultados importantes na diminuição do impacto da doença. Olhar para os fatores de risco é também determinante, dado que começamos a envelhecer quando nascemos e tudo o que fazemos ao longo do ciclo de vida tem impacto significativo na nossa velhice.

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Fontes:

Psicogeriatria, de Horácio Firmino, Edições Almedina

Manual de Gerontologia – Aspetos biocomportamentais, psicológicos e sociais do envelhecimento, de Óscar Ribeiro e Constança Paúl, Ed. Lidel

https://alzheimerportugal.org/pt/text-0-9-32-18-o-que-e-a-demencia

https://www.alz.org/alzheimers-dementia/what-is-dementia

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