Mindfulness na demência: conheça as vantagens

1 de março de 2021, Leonardo Silvério

Um diagnóstico de demência pode ter um grande impacto no bem-estar psicológico, quer para as pessoas com a doença, quer para os seus cuidadores e pessoas próximas.

Dado que ainda não existe cura para a demência, é fundamental diminuir as suas consequências, sendo que a intervenção realizada deve focar a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e seus cuidadores. De facto, as abordagens que focam quer o bem-estar da pessoa com demência, quer do seu cuidador informal são mais eficazes do que as que focam apenas a pessoa com demência. É, então, neste contexto, que a meditação mindfulness tem vindo a apresentar vantagens.

Atualmente, os tratamentos realizados para demência ainda são maioritariamente farmacológicos. Contudo, o uso de medicamentos deve ser ponderado com cuidado. Note-se que as pessoas com demência são sobretudo os idosos e estes têm muitas vezes várias doenças associadas, nomeadamente doenças de foro cardíaco (ou cardiopatias), hipertensão ou diabetes. Esta realidade faz com que o uso de fármacos, em alguns casos, tenha que ser limitado, e noutros é inclusivamente contraindicado.

Assim, é fundamental o desenvolvimento de estratégias de intervenção não-farmacológica que ensinem, quer as pessoas com demência, quer os seus cuidadores, a adaptar-se às mudanças trazidas por um diagnóstico da doença e estratégias para lidar com os desafios físicos, emocionais e sociais que passam a enfrentar.

E neste sentido, as intervenções baseadas no mindfulness são uma possibilidade! Efetivamente, e sendo um tipo de intervenção mente-corpo, as intervenções baseadas no mindfulness têm-se mostrado eficazes na melhoria do bem-estar psicológico, quer em populações clínicas, quer em não clínicas.

Mindfulness em português é traduzido por atenção plena ou consciência plena. Ter consciência plena significa prestar atenção às coisas tal como elas realmente são, no momento presente, sem as julgarmos ou avaliarmos, com aceitação, abertura e curiosidade.

Este tipo de prática tem vindo a consolidar-se como uma abordagem que pode contribuir para prevenir sintomas depressivos, de ansiedade e dor física crónica. Para além disso, intervenções baseadas na meditação mindfulness para adultos idosos podem também melhorar a atenção, a memória, o funcionamento executivo e a velocidade de processamento de informação .

A prática regular da meditação regular influencia a estrutura e o funcionamento do cérebro, particularmente em áreas envolvidas no controlo da atenção, autoconsciência e regulação emocional.

Para além destes, resultados preliminares mostram que a meditação pode reduzir o declínio cognitivo relacionado com o envelhecimento.

Mas há mais vantagens que podem ser identificadas na meditação.

A meditação mindfulness pode representar uma opção promissora de intervenção com pessoas com demência e seus cuidadores. Efetivamente, esta prática permite que pessoas com demência vão melhorando a consciência dos seus pensamentos, emoções e sensações corporais, o que pode aumentar a capacidade de regular as emoções e de controlar o stress, o que, por sua vez, pode melhorar o bem-estar psicológico e a qualidade de vida.

São já vários os benefícios que podem ser enunciados, quer para pessoas diagnosticadas, quer para os seus cuidadores, nomeadamente:

As janelas de oportunidade abertas por estes e outros estudos levam a SEmente a investir em intervenções baseadas na meditação mindfulness, desenhadas a pensar nas necessidades prementes da pessoa com demência e seus cuidadores.

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