Terapia de reminiscência com impacto positivo nas pessoas com demência e seus cuidadores
Dezembro de 2014
Vários estudos apontam o impacto positivo da Terapia da reminiscência na demência. A revisão de 28 artigos de bases de dados (MEDLINE, PsycInfo, CINAHL, LILACS e Scielo), publicados até janeiro de 2013, sugere que a reminiscência tem um impacto positivo nas pessoas com demência e seus cuidadores. Destacam-se particularmente efeitos ao nível da cognição, comportamento, humor, sintomatologia depressiva, bem-estar, qualidade de vida, comunicação, capacidade funcional e sobrecarga dos cuidadores.
Para efeitos terapêuticos, a reminiscência consiste em recuperar experiências pessoais, vividas no passado, que se assumam como memórias autobiográficas significativas.
Apesar das evidências sobre a eficácia da reminiscência nos casos de demência não serem tão consistentes como já acontece em pessoas idosas, surge como uma técnica com potencial para a intervenção com pessoas com demência.
Ressalve-se que o impacto em termos cognitivos e comportamentais que a reminiscência pode apresentar depende da fase de demência em que a técnica é implementada, tendo efeitos significativos nos casos de demência leve a moderada.
Ao nível do humor, a reminiscência está associada a diminuição da sintomatologia depressiva e melhoria do bem-estar, da qualidade de vida e da comunicação.
São também destacados os efeitos positivos da intervenção com reminiscência ao nível dos cuidadores das pessoas com demência, diminuindo a sua sobrecarga.
Terapia complementar ao tratamento farmacológico
Não obstante estes resultados encorajadores, os investigadores Teresa Lopes, Rosa Afonso e Óscar Ribeiro alertam para o facto de as investigações revistas apresentarem algumas fragilidades metodológicas, o que limita as conclusões retiradas. São necessárias investigações robustas que permitam fundamentar o impacto da reminiscência em dimensões como a identidade e o bem-estar, assim como continuar a investigar os seus efeitos como terapia complementar ao tratamento farmacológico e a outras terapias não farmacológicas.
Por outro lado, as intervenções não farmacológicas não foram associadas aos mesmos resultados prejudiciais das intervenções com medicamentos, pelo que Jennifer Watt sugere que as intervenções não farmacológicas sejam experimentadas primeiro na gestão dos comportamentos de agressividade e agitação.
Fonte: Scielo.mec.pt